Erlichiose canina, conhecida popularmente como doença do carrapato, é uma doença infecciosa transmitida por carrapatos do gênero Rhipicephalus sanguineus, comum nos cães e raro nos gatos. Tem como agente etiológico principal a Erlichia canis. Tais carrapatos são encontrados no mundo todo, tendo os cães como hospedeiros principais.
A transmissão entre os cães ocorre quando o carrapato pica um cão doente e depois pica um animal sadio, inoculando o agente causador da doença. O carrapato pode transmitir a doença mesmo um ano após ter picado um animal infectado.
Os sinais clínicos apresentados pelo animal doente são variados, frente à resposta imunológica do animal à infecção. Quando o cão é picado por um carrapato transmissor, pode desenvolver a doença em três fases. Na primeira fase (fase aguda), o cão pode apresentar febre (temperaturas acima de 39,5ºC), perda de peso e perda de apetite. O animal ainda pode apresentar secreção nasal, ficar deprimido, apresentar sangramento nasal, sangramento urinário (hematúria), ter vômitos e apresentar pontinhos vermelhos na pele (petéquias); apresentar alterações respiratórias e insuficiência hepática ou renal.
Muitas vezes, devido às características inespecíficas da doença, o dono do cão nem percebe que o animal está doente e, apenas nesta fase aguda o animal infectado pode transmitir a doença.
Na segunda fase, ou fase sub-clínica, o animal pode não apresentar nenhum sintoma clínico, apenas apresentando alterações nos exames de sangue. Ocasionalmente, pode apresentar algumas complicações, como sangramento, inchaço das patas, perda de apetite, mucosas pálidas, uveíte (inflamação oftálmica), descolamento de retina, cegueira e gromerulonefrite (um quadro inflamatório renal).
Na terceira fase (fase crônica), o animal ainda pode se apresentar apático, magro e com maiores chances de adquirir outras infecções, além de alterações nos exames hematológicos, como a presença de anemia. É de grande importância o diagnóstico precoce da doença para que se obtenha sucesso no tratamento. Uma das formas de se saber se o seu cão está doente, é a realização de exames de sangue junto ao seu veterinário.
O diagnóstico preciso também pode ser realizado com exames mais específicos, como a imunofluorescência direta, a técnida do PCR e o teste de Immunocomb.
Há tratamento com vários medicamentos para os animais doentes, em todas as fases da doença. São utilizados antibióticos como a oxitetraciclina, o imidocarb, o cloranfenicol, a tetraciclina e, como droga de eleição, a doxiciclina.
Às vezes, há a necessidade de se complementar o tratamento do animal com fluidoterapia (aplicação de soro) ou transfusões sangüíneas.
A prevenção deve ser feita principalmente através do controle de carrapatos, tanto dos animais de estimação como também dos locais onde eles vivem. Existem no mercado veterinário, vários produtos carrapaticidas que podem ser utilizados em seu animal de estimação para o controle dos parasitas tais quais coleiras, sabonetes, sprays e pour-on (ampolas de medicamentos que devem ser administradas no dorso do animal). Além disso, os cães doentes devem ser tratados com drogas específicas já citadas, para se evitar a transmissão, uma vez que ainda não há no mercado vacinas disponíveis contra a doença.

M.V. MÁRCIO YUKIO CHIBA
CRMV-SP 17748
Médico Veterinário graduado pela Universidade Estadual de Londrina.
Pós-graduando em Cirurgia de Pequenos Animais no programa de
pós graduação da Universidade Guarulhos.